Caros munícipes,
Deixo aqui o conteúdo da minha intervenção no 1.º ponto da ordem de trabalhos da Assembleia Municipal de 25 de setembro de 2020.
Senhor Presidente:
Solicitou-me que explicasse o sentido da minha intervenção [no ponto antes da ordem do dia] sobre o executivo estar a afundar as contas do município. Explicarei, senhor presidente. Num barco, se colocarmos todo o peso de um lado, ele vira; se o colocarmos todo do outro lado, também; se o colocarmos todo atrás, até podemos ficar entusiasmados por ver a proa a erguer-se, mas irá igualmente afundar. É assim com o município, senhor presidente: é preciso distribuir o peso, o esforço, com equilíbrio. Gosto muito de ver por exemplo o investimento nas artes, como o Entrelaçar Corações e as pinturas urbanas. Porque a tinta esmorece mas a recordação e inspiração colocada nos corações permanece e leva-os mais além. Mas não a quem não tiver nascido ou for demasiado jovem para disso beneficiar, senhor presidente: esses verão apenas tinta gasta e não terão o testemunho do momento. Por isso temos de equilibrar isso com o investimento material.
E temos na iniciativa Entrelaçar Corações, que partilhei, inclusivamente, um bom exemplo de como a arte tem esta virtude de ilustrar de forma que nos marca, de inspirar e de mostrar veementemente aquilo que não vemos doutra forma. Aquela talha aqui à entrada da câmara, caída, tombada há muitas semanas com as rosas espalhadas displicentemente pelo chão... não há melhor ilustração para os tempos vividos de governação das rosas no país e no município. Fosse uma caixa de laranjas e no dia seguinte, lhe garanto, estaria certamente recomposta, senhor presidente.
Atendendo aos aspetos financeiros, do ponto em causa, vou dar-lhe um exemplo do desequilíbrio do concelho, onde se vive o presente e se descura o futuro.
Em abril do ano passado, já lá vai quase ano e meio, expus aqui que este executivo que o senhor lidera estava a preparar zero - zero - candidaturas a fundos comunitários.
Dizia isso mesmo no relatório de gestão e prestação de contas, quanto ao resto do seu mandato:
- Candidaturas em preparação: 0.
- Investimento a candidatar: 0 euros.
Respondeu-me na altura que era um lapso, que havia candidaturas em preparação.
Bem, estamos a um ano do final do seu mandato, senhor presidente. Na situação financeira e nos documentos que iremos discutir nos pontos seguintes nada indica haver candidaturas submetidas e aprovadas neste ano e meio.
Estamos portanto a entrar no ano final do seu mandato com uma constatação inequívoca: já desperdiçou três anos de obtenção de fundos para investir no concelho. Limitou-se a alterar, com pouca eficácia, o destino dos fundos obtidos pelos executivos anteriores, desperdiçou boa parte deles e nada preparou para conseguir investir no futuro em Ansião.
Será este um destino inequívoco? Será que consigo persuadi-lo, com esta intervenção, a pelo menos tentar usar este último ano para obter algum financiamento europeu em prol dos ansianenses? Digo isto até para seu bem, porque o mérito e crédito por isso será sempre seu. Mas o benefício será também sempre para todos os munícipes.
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