sexta-feira, setembro 30, 2022

Intervenção na Assembleia Municipal de Ansião (30/09/2022)

Caros munícipes,

Foi este o teor da minha intervenção no período antes da ordem do dia da Assembleia Municipal de Ansião de 30 de setembro de 2022:



"Ex.mo Senhor Presidente,

Trago boas notícias. Segundo o Expresso de 26 de agosto, e cito, o "Número de inscritos nos centros de emprego está em mínimos." Estamos a nível nacional a ver os efeitos de recuperação económica após dois anos de pandemia, o que nos alegra. Particularmente porque perante as perspetivas generalizadas de crise que se avizinha na Europa, toda a recuperação que possa ser feita agora é urgente. Mais até porque a governação socialista do país levou a que não tenham sido feitas as reformas necessárias, pelo que a capacidade de resposta do governo a essa crise será limitada.

Contudo, embora as notícias sejam boas para o país, há uma segunda metade da notícia do Expresso: é que nos 300 e poucos concelhos do país, "Só 17 concelhos do país contrariam a tendência". Ou seja, só em 17 concelhos é que o número de desempregados não diminuiu. E Ansião é um deles. Nem mais desempregados nem menos, está na mesma, não aproveitou a recuperação.

Senhor Presidente: recordo que nas minhas primeiras intervenções enquanto deputado municipal, em 2017, critiquei a sua opção de adiar para 2021 a expansão do Camporês, que recebeu financiada para concluir até 2019. Alertei que cada mês sem haver lotes para acolher empresas representa um risco de perda de oportunidades de emprego. São pessoas que deixam de vir para Ansião por não terem aqui emprego, são pessoas de cá que têm de sair. Pois bem: não estamos em 2021, estamos em 2022 quase em 2023 e ainda hoje vamos votar expropriações para essa expansão.

Chega-se ao ridículo, senhor Presidente, de ter inaugurado uma expansão que ainda não está feita. Deixo-lhe, por isso, duas perguntas:

    * a primeira: agora que inaugurou a expansão pergunto-lhe se a seguir irá lançar a primeira pedra;

    * a segunda: em vez de lamentarmos o que não está feito, pergunto se não é ocasião de agir com urgência, de completar esta expansão do Camporês."

Retorquiu o senhor deputado Nuno Costa e respondeu o senhor Presidente da Câmara que o desemprego em Ansião é "estrutural" e que não liga as duas coisas.



Intervim novamente, face à resposta:

"Senhor presidente, respondeu-me que o desemprego em Ansião é estrutural e que por isso não o ligava ao atraso da expansão do Camporês. Pergunto-lhe então se posso interpretar da resposta do senhor presidente que considera que nenhum dos 247 desempregados inscritos no centro de emprego em Ansião poderia ser empregado em novas empresas, caso elas se tivessem podido instalar no Camporês.

Senhor Presidente: baixar os braços nunca é resposta adequada a este problema. Explique-me então como é que Ansião tem 247 desempregados "estruturais" quando os restantes concelhos do interior do nosso distrito, com características semelhantes e menos atividade económica, viram diminuir o número de desempregados: Alvaiázere (109, menos 7 desempregados do que há um ano), Figueiró dos Vinhos (129, menos 31), Castanheira de Pera (61, menos 6) e Pedrógão Grande (93, menos 28). 

Pelo contrário, creio que haver novas empresas, haver oportunidades de as captar, só poderia ter beneficiado o concelho. O atraso da expansão do Camporês tem este custo social. Apelo a que não se varra isto para o encolher de ombros do termo «estrutural»."


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