O ex-presidente da câmara, Rui Rocha, veio em artigo de opinião no Jornal Serras de Ansião deixar claros toda a sequência de factos que conduziu à situação atual.
Houve esforço, houve capacidade de gerar oportunidades e de resolver o problema, houve capacidade para encontrar alternativa quando a solução foi desfeita... só não houve foi nada feito pelo executivo atual para dar seguimento ao que lhe foi deixado de bandeja.
"Confesso que julgava que a política local já tinha atingido
um nível de maturidade, independentemente de quem, a cada momento, exerce
funções executivas, que permitisse uma discussão objetiva de todas as matérias
possibilitando, dentro da divergência democrática, o esclarecimento cabal de
todas as questões. Contudo, vamos constatando, em alguns momentos, a
preferência pela confusão, quando o foco deveria ser empregar as energias na
concretização dos problemas que surgem ou subsistem.
Mas enfim, são estilos…
Saudar, também, quem decide abraçar a causa pública, certo
de que virá com o espírito de missão que a deve caracterizar, recordando que as
primeiras eleições democráticas tiveram lugar em 1976 e a origem do Concelho de
Ansião tem séculos… por isso, já muitos concidadãos nossos deram de si, com a
sua ação determinante para o objetivo comum de construir um concelho cada vez
melhor!
Dizer, também, que o dever de quem exerce funções
autárquicas é lutar por aquilo que acredita ser o melhor, independentemente de
qual o Governo central, pois os autarcas são eleitos para defender os seus
concidadãos e não os interesses político-partidários, apesar de poderem ter
sido eleitos em listas partidárias!
Nalgumas matérias estruturantes o único partido tem de ser o
Concelho de Ansião e as suas 6 freguesias! Só assim pugnaremos pela necessária credibilização
da política, retirando espaço a outros que assentam a sua ação em populismos e
demagogia, simplesmente porque muitas vezes não têm a responsabilidade de ter
que resolver!!!
Posto isto, vamos lá ao IC8 e ao Nó do Camporês!
Eu, pessoalmente, e respeitando a legitimidade de quem pensa
de maneira diferente, não concordo com a solução de construção de uma rotunda
no Camporês, mas sou eu, individualmente, enquanto cidadão e ansianense, pois a
decisão não me compete a mim!
Na Assembleia Municipal foi reprovada, democraticamente, a
proposta de protocolo apresentada pelo Executivo Camarário entre o Município de
Ansião e a Infraestruturas de Portugal (IP), numa decisão de braço no ar,
portanto com o sentido de voto devidamente identificado por parte de todos os
deputados municipais! Não foi de acordo com o que o Executivo do PS pretendia?
Compreendo o desânimo e a defesa da sua posição, mas não a revolta sobre uma
decisão democrática! Ou a Democracia só se propaga quando dá jeito?
Desde que me recordo sempre se lutou pela requalificação do
IC8, designadamente no que diz respeito ao troço no Concelho de Ansião,
arrastando-se, infelizmente, a sua resolução até aos dias de hoje, fosse qual
fosse o Governo de Portugal!
E se o objetivo fosse meramente político-partidário até se
poderia questionar qual o Partido que, desde 1995 até hoje, mais anos teve de
responsabilidades governativas em Portugal, apenas para que algumas pessoas, de
memória mais curta, possam fazer as contas!
Pela inércia dos governos centrais, o Município de Ansião
decidiu avançar para um estudo prévio do Nó do IC8 que apresentou à Estradas de
Portugal, como forma de pressão e de sinalização da sua importância e relevância
para a estratégia de futuro do Concelho de Ansião!
Quando em janeiro de2010, no Camporês, o ex-Primeiro-Ministro
José Sócrates veio assinar o contrato de adjudicação da Concessão do Pinhal
Interior Norte, que incluía o IC8 e o Nó do Camporês, conforme o estudo
apresentado pelo Município, o assunto parecia estar resolvido!
Seguiram-se várias reuniões de acerto, e negociação, para
garantir o Nó do Camporês e os cruzamentos desnivelados no Maxial, na Boavista
e no Mogadouro! Além disso, ainda foi possível apresentar ao Secretário de
Estado Paulo Campos e às Infraestruturas de Portugal soluções para incluir mais
zonas de ultrapassagem entre Pombal e Avelar! Assunto tratado!
Ora, passados uns anos, pelos desvarios dos governos
socialistas, chegou a “troika”, e o Governo do PSD (sim um Governo do PSD), em
2012, suspendeu a concessão do Pinhal Interior Norte, ficando apenas por se
concretizar o troço do IC8 entre Pombal e Avelar, orçado em cerca de 26 milhões
de euros.
Nos anos seguintes continuarem a efetuar-se um conjunto de
diligências, pelo Município de Ansião, reivindicando a intervenção suspensa, designadamente
em várias reuniões com o Secretário de Estado das Infraestruturas, Transportes e
Comunicações Sérgio Monteiro, e para as quais a resposta era sempre a mesma:
não havia dinheiro!!!
Para os mais esquecidos, sugiro que vão procurar as tomadas
de posição, quer institucionais quer partidárias, relativamente a esta opção do
governo liderado por Pedro Passos Coelho, recordando, inclusivamente, a
realização do primeiro Conselho Nacional do PSD temático e descentralizado, sobre
territórios de baixa densidade, que teve lugar no Centro de Negócios em setembro
de 2014! Ou, recuperar as 3 últimas moções que foram apresentadas pela
Distrital do PSD nos 3 últimos Congressos Nacionais!
Quando em 2016 surge o aviso de candidatura para áreas
empresariais, com dotação de 30 milhões de euros para os 100 municípios da
Região Centro, o Município de Ansião não hesitou em apresentar candidatura a mais
uma fase de ampliação do Parque Empresarial do Camporês, área assumidamente
estruturante para a afirmação do concelho de Ansião no contexto sub-regional!
Era possível integrar pequenas ligações rodoviárias,
designadas “last mile”, de acesso às áreas empresariais, pelo que se questionou
a entidade responsável pelo IC8, Infraestruturas de Portugal (IP), se estavam
disponíveis para assegurar a contrapartida nacional, ou seja, o valor da execução
do Nó de acesso que não tivesse apoio comunitário, solicitando, em simultâneo,
parecer sobre o referido estudo prévio!
A IP respondeu que dava parecer positivo ao estudo prévio,
mas que não comparticipava a execução do Nó do IC8, ao que o Município
respondeu não concordar com esta posição e que, nesta circunstância, iria apresentar
candidatura sem considerar a intervenção no IC8.
Aliás, situação que ainda agora, na última Assembleia Municipal,
um Deputado Municipal do PS veio defender, dando conta de que não aceitava que
o Município de Ansião suportasse, na íntegra, uma eventual intervenção no Nó do
Camporês! Estamos de acordo!
Já agora, para aqueles que possam ficar confusos com algumas
declarações de quem tem responsabilidades no nosso Concelho, e portanto a quem
não se adite que questione a ampliação do Parque Empresarial para a Zona Norte,
simplesmente porque era a única possível, dentro do perímetro da Zona
Industrial e de acordo com o PDM, que não tinha qualquer ónus urbanístico, quer
isto dizer, sem nenhuma condicionante, condição para que a candidatura fosse
aprovada. Simplificando, se a ampliação proposta fosse em qualquer outra área
do Parque Empresarial a candidatura não teria sido aprovada, repito, a
candidatura não seria aprovada!!! Quem é que não sabe ou prefere não querer
saber? Qual das duas será a mais preocupante?
Felizmente, em agosto de 2017, veio a comunicação de
aprovação da candidatura, com um valor de investimento previsto a rondar os 2,4
milhões de euros, hoje já se sabe com um valor de adjudicação de cerca de 1,7
milhões de euros, sendo que o valor inicial de apoio comunitário era de cerca
de 940.000€! Já agora, haja alguém que saiba explicar este modelo de
candidatura, onde se tem que considerar a receita esperada e quais as suas
implicações!
Assim, foi de imediato solicitada uma reunião ao Presidente
da IP, em setembro de 2017, para lhe dar conta dessa aprovação e para, mais uma
vez, colocar pressão no sentido da resolução deste problema, ainda mais quando
se tinha a confirmação de que a ampliação do parque empresarial seria uma
realidade.
Pela primeira vez, o Presidente da IP deu conta de que havia
disponibilidade para a resolução da questão, através de construção de uma rotunda
ou Nó de acesso. Adiantou que a construção da rotunda seria a mais fácil e
rápida mas que a IP estava a estabelecer alguns protocolos com vários
municípios no sentido de repetir as responsabilidades financeiras, em
intervenções mais relevantes, pelo que a opção do Nós seria um processo mais
moroso e requeria, como todos deverão imaginar, para além das questões técnicas
as necessárias diligências políticas!
O Presidente do IP foi informado de que seria dado conhecimento
do teor desta reunião aos órgãos autárquicos ainda em funções e ao futuro Presidente
do Concelho de Ansião!
E assim foi!
O Presidente eleito foi convidado para uma reunião de
trabalho, ainda antes de tomar posse, onde lhe foi entregue um vasto dossier,
com vários pontos na ordem de trabalhos e respetivos anexos, naqueles que eram
considerados os temas mais relevantes, onde se incluía, naturalmente, a questão
do Nó do IC8, tendo sido transmitido o que já havia sido comunicado em sede de
Câmara Municipal e Assembleia Municipal!
A partir daí a responsabilidade e a competência no
acompanhamento deste processo é do Presidente da Câmara atualmente em funções.
Não conseguiu mais do que o apoio para estabelecer o
protocolo para a construção da rotunda? Que alternativas explorou? O que
defendia verdadeiramente e o que defendeu quando fez parte da oposição? Não
conseguiu a atenção deste Governo, que tanto propaga o apoio ao Interior?
Existe alguma parte que alguém ainda não percebe?
Aliás, entendo, que para lá da retórica e da vontade de
estar sempre a olhar pelo espelho retrovisor, o que é verdadeiramente relevante
é verificarmos a execução dos projetos estruturantes para o Concelho de Ansião,
passados que estão quase 3 anos deste mandato, e olhar para a frente, ou seja,
o dito melhor avançar!
Pelo que se questiona: alguma pedra já se mexeu na execução
da empreitada da ampliação do Parque Empresarial do Camporês? Já temos
instalada alguma luminária LED do projeto que previa a substituição integral,
cerca de 8.300 lâmpadas da iluminação pública, do Concelho de Ansião? Se não
concorda com o projeto do Mercado Municipal, o qual também se poderá explicitar,
só agora é que se decidiu proceder à sua reformulação, tendo sido uma das
principais bandeiras da campanha socialista?
Isto, sim, é o que nos interessa a Todos nós, apoiantes ou
não de quem nos governa, pois muito gostaríamos de irmos vendo respondido
através da sua execução real e não hipotética, senão vamos mesmo ficar em ponto
morto!"