Face à ainda excessiva dependência do petróleo, do carvão e do gás natural, o futuro da indústria terá obrigatoriamente que passar pelos combustíveis renováveis, como a energia hídrica, eólica, solar ou fotovoltaica? Neste contexto, qual encara vir a ser o papel da biomassa?
Como já disse, a electricidade representa apenas 24% do consumo energético nacional. Penso que o país tem descurado toda a componente referente aos combustíveis para os transportes, aquecimento e outros, que representa mais de ¾ da energia total consumida. Com a energia hídrica, eólica e fotovoltaica apenas produzimos electricidade e de uma forma aleatória. A biomassa tem um potencial enorme no futuro perante os actuais desafios energéticos. Este é um facto desde já assumido pela maioria dos países desenvolvidos. Em primeiro lugar, a produção de electricidade por esta via não possui o inconveniente da aleatoriedade, pois não está directamente associada às condições climatéricas (sol, vento e chuva). Em segundo lugar, a biomassa florestal pode fazer face também ao problema do consumo de energia térmica a partir do biocombustíveis sólidos (lenha, estilha, briquetes e pellets). Por último e talvez a questão mais importante, a biomassa pode contribuir
efectivamente para o problema da energia nos transportes a partir da produção de biocombustíveis de segunda geração (que não entram em conflito com a indústria alimentar), a partir da produção de bioetanol celulósico e de biodiesel por recurso á gaseificação e à tecnologia Fischer-Tropsch. Claro que esta aposta inevitável na biomassa deverá estar associada a uma política florestal adequada, suportada numa gestão florestal sustentada e profissional capaz de, efectivamente, criar valor a partir desse recurso nacional impressionante que é a floresta portuguesa.
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