Caros munícipes,
Aqui deixo o teor da minha intervenção na Assembleia Municipal de Ansião de dia 25 de fevereiro de 2022.
"Ex.mo Senhor Presidente
Embora estejamos em época de seca, recordo que temos cheias regulares no Nabão, só na última década houve-as em 2013, 2019 e 2020. A mudança climática pode até vir a agravar esta situação, com alternância maior entre épocas de seca e de chuvas intensas breves.
Em mais de uma década, as pontes do Parque Verde têm resistido a estas ocasiões, quer por terem um perfil estreio que oferece pouca resistência à água, quer por permitirem alguma elevação pela força das águas, o que tem possibilitado reparações e recolocações relativamente simples e rápidas.
Houve agora intervenções no Parque Verde, que são oportunas, como sejam as reparações de piso e sua repintura. Algumas pontes passaram a ser fixas em acessos de cimento, que pergunto se acautelaram o comportamento em cheia ou se será de avaliar.
Também a ponte junto ao parque infantil a poente foi substituída por uma bastante mais volumosa, que apresenta um perfil lateral bastante largo, pelo que pergunto se a inevitabilidade das cheias foi considerada.
É aliás esteticamente tão diferente das restantes que pergunto ainda se essa alteração é apenas casual ou não, se reflete alguma outra intenção.
Refira-se, contudo, que essa ligação ao Parque Infantil esteve sem ponte durante prolongadas semanas. Também as intervenções no piso surgiam sem os cuidados devidos de trajeto: chegou-me a acontecer mais de uma vez passar num sentido livremente e ao chegar ao final descobrir que estava num espaço supostamente vedado... só tinha sido vedado de um lado. Também há pequenas reparações, como as tábuas partidas das pontes entre a Ponte da Cal e o Moinho das Moitas que se mantêm assim há longas semanas; ou a grafitagem de insultos que se mantém, precisamente na nossa histórica Ponte da Cal. Pergunto, por isso, se é possível haver um mais cuidado acompanhamento superior destes aspetos. Dado que os funcionários municipais lá vão diariamente, deveria haver uma prática regular de sinalização, registo e intervenção das reparações necessárias. Creio que falta aqui algum acompanhamento e se me pudesse esclarecer, agradecia."
Respondeu a esta intervenção o presidente, dizendo que fiz um "elogio fúnebre" em vez de elogiar a "muito adiada requalificação". Que as pontes que lá estão foram "descontinuadas" e que não é verdade que tenha estado inacessível o parque infantil.
Intervim novamente, para clarificar:
"Senhor presidente, vou deixar claro que elogiei o que foi feito. Sem hesitação. E levantei aspetos a ponderar, que ainda podem ser ponderados agora, num sentido construtivo. Para melhorar. Para que as coisas que foram feitas possam se analisadas, porque as cheias não são já para amanhã, pelo que há tempo e oportunidade para refletir. Pelos visto sugerir melhorias e cuidados incomoda-o. Olhe, estou aqui para ajudar a melhorar o concelho, quer goste, quer não goste. Se quiser fazer melhor acolha, se não quiser, ignore, pondere e faça como entender.
O que foi feito foi manutenção regular. Que deve ocorrer regularmente e não acontecia há muito. Podia ter criticado estarmos nesta situação de elogiar manutenção, de tão rara que tem sido. Mas não, até quis ser construtivo. E levei com paus em cima. Seja. Só que se andamos a chamar "requalificação" a mera manutenção, vamos mal. Também ajudo a perceber - pois tomei o cuidado de registar a minha intervenção - que eu não referi que o parque tivesse estado inacessível. Referi que aquela ligação - aquela ligação - ficou sem ponte várias semanas. O problema não foi esse aspeto em particular: foi um dos vários exemplos que dei, para ilustrar o aspeto essencial. E que foi que nesse ponto e restantes faltou acompanhamento cuidado superior das intervenções. Se houver melhor acompanhamento, beneficiam todos os munícipes.
Aliás, ficava-lhe bem notar que estas indicações só servem para melhorar os serviços do município, e acolhê-las com mais humildade. Afinal de contas se as fizer, a si virá o mérito, não a mim."